A anaplasmose bovina é uma doença hemolítica causada pela Rickettsia Anaplasma marginale, parasita intraeritrocitário obrigatório que acomete ruminantes. Pode ser transmitida biologicamente pelo Rhipicephalus microplus, popularmente conhecido como carrapato-do-boi ou por transmissão mecânica por meio de insetos hematófagos e fômites. A anaplasmose causa perdas econômicas consideráveis na pecuária, principalmente por causar alta morbidade e mortalidade. Em decorrência do clima propício para presença de R. microplus, que é o principal transmissor desta doença, o Brasil é considerado como área endêmica para a anaplasmose, ocorrendo em praticamente todo o território. Os animais acometidos por esta patologia apresentam inicialmente aumento de temperatura corporal e anemia, caso não ocorra tratamento imediato, a doença tende a evoluir para sintomatologia clinica severa e culminar no óbito ou tornar-se crônica. Estudos mostram que os bovinos com composição genética taurina são mais susceptíveis a infestações por R. microplus e consequentemente, apresentam maior frequência de infecção por A. marginale quando comparados a bovinos de composição genética zebuína. O diagnóstico de anaplasmose é difícil, pois dependendo da fase de desenvolvimento da doença pode não apresentar Rickettsemia suficiente para observação no esfregaço sanguíneo. Na maioria das vezes, todo o rebanho é acometido pela A. marginale, portanto, o qPCR tem sido muito utilizado para estudos desta doença, principalmente pela alta sensibilidade da técnica que possibilita obter resultados quantitativos e qualitativos.

O uso de processamentos para aumento da proteína não degradável no rúmen (PNDR) de farelos proteicos visa o melhorar o desempenho nutricional de animais de alto desempenho. O objetivo do trabalho foi avaliar diferentes processamentos de farelos proteicos para bovinos de corte para aumento da PNDR sem prejudicar os parâmetros de fermentação in vitro. Após um estudo prévio, foram ranqueados os quatro melhores processamentos de cada fonte proteica, farelo de algodão e amendoim. Foram formuladas dietas para bovinos de corte em fase de recria. As dietas formuladas eram isoproteicas (média de 16% proteína bruta) e compostas por milho, feno de braquiária, mineral e o farelo proteico processado. Os processamentos utilizados para o experimento 1 foram: farelo de amendoim convencional como controle (CONFAM); farelo de amendoim tratado termicamente em autoclave com xilose 2% por 24 minutos a uma temperatura de 127ºC com pressão interna de 117 kpa (AUTOFAM); farelo de amendoim tratado termicamente em estufa convencional por 60 minutos a 150ºC (ESTUFAM); farelo de amendoim tratado termicamente em micro-ondas com xilose 2% por 6 minutos com potência máxima de 1000w (MICFAM); e farelo de amendoim com 6% de tanino (TANFAM). O experimento 2 foi conduzido com o objetivo de avaliar os seguintes tratamentos: farelo de algodão convencional (CONFAL); farelo de algodão tratado termicamente em autoclave com xilose 2% por 16 minutos a uma temperatura de 127ºC com pressão interna de 117 kpa (AUTOFAL);farelo de algodão tratado termicamente em estufa convencional com xilose 2% por 90 minutos a 150ºC (ESTUFAL); farelo de algodão tratado termicamente em micro-ondas com xilose 2% por 6 minutos com potência máxima de 1000w (MICFAL); e farelo de algodão com tanino 4% (TANFAL). Foram avaliados cinco períodos de dez dias, em sistema dual flow, sete dias para adaptação do sistema e nos últimos três dias eram realizadas as coletas de efluente da parte sólida e líquida, bactérias, pH e alíquotas para análises de digestibilidade verdadeira e aparente além de parâmetros de fermentação e metabolismo de nitrogênio. Dentre os processamentos eficientes no experimento 1, o mais eficiente foi o tanino. Entretanto no experimento 2, dois processamentos se destacaram: tanino e micro-ondas.

No Brasil inexistem legislações sobre a qualidade do leite bubalino. O objetivo do estudo foi identificar áreas que devem ser priorizadas em um programa de melhoria de qualidade do leite bubalino através da relação da análise do leite e das características das propriedades. Durante dois anos consecutivos, 2018 e 2019, amostras mensais de leite do tanque foram obtidas de 21 propriedades da região de Sarapuí, SP. Os produtores participantes responderam questionários para caracterização de aspectos da propriedade e de manejos adotados nos sistemas de produção. As propriedades estudadas possuíam áreas de terra entre sítios e chácara, e rebanhos pequenos, além da renda da bubalinocultura de leite ser fundamental para as famílias produtoras. Os parâmetros do leite foram avaliados quanto aos teores de gordura, proteína, extrato seco desengordurado (ESD), lactose e nitrogênio uréico do leite (NUL), além da contagem padrão em placas (CPP), contagem de células somáticas (CCS). O volume de leite produzido foi mensurado e a estimativa de rendimento de queijo muçarela foi calculada. Devido à ausência de uma legislação nacional para a classificação da qualidade do leite de búfalas, os critérios de qualidade utilizados foram baseados em uma resolução estadual e em um regulamento internacional. As amostras coletadas durante os dois anos de execução do projeto foram separadas em dois grupos, o Grupo Total (GT) com todas as amostras entregues, sem considerar critérios de qualidade, e o grupo Grupo que Atende (GA), considerou apenas as amostras que atenderam a todos os critérios de qualidade estabelecidos pelas legislações vigentes. Análises de comparação de médias pelo teste t-Student (0,05) foram utilizadas para comparar as diferenças entre os parâmetros de qualidade das amostras dos dois grupos. Foi possível identificar que 70% do volume monitorado atenderam a todos os critérios de qualidade. A CPP do grupo GA apresentou redução de 982 x 10³ UFC/mL em sua média, quando comparado à média do grupo GT. Essa análise mostrou que o critério que apresentou maior variação entre os grupos foi a CPP. Na sequência, foi realizada uma nova classificação dividindo as propriedades de búfalas leiteiras de acordo com o desempenho da CPP (Grupo Desempenho Satisfatório e Insatisfatório - DS e DI) e as médias foram comparadas entre os grupos e entre os anos de 2018 e 2019. No primeiro ano (2018) os grupos DS e DI tiveram médias iguais para CPP(P>0,05). O Grupo DI teve um aumento significativo na CPP média do primeiro para o segundo ano. Notas de 0 a 100 foram atribuídas às propriedades desses dois grupos (DS e DI) para os tópicos de meio ambiente, higiene e manutenção, instalações, manejo, além da nota geral e, novamente, foram comparadas as médias dos dois grupos. Os temas de maior impacto no desempenho da CPP das propriedades foram ambiente, higiene e instalações (P<0,05), indicando a necessidade de atenção e ações eficientes. O desenvolvimento deste estudo permitiu diagnosticar a importância da utilização de critérios de qualidade para a aquisição do leite pelas indústrias, além de ajudar a compreensão das áreas prioritárias para a efetividade da assistência técnica em programas de melhoria da qualidade do leite.