Caracu é a raça crioula de maior expressão na pecuária brasileira, devido ao seu desempenho e rusticidade, que a tornou opção viável para os pecuaristas que buscam lucratividade nos sistemas de produção. Entre as diversas metodologias utilizadas para mensurar a eficiência alimentar, o consumo alimentar residual (CAR) é uma excelente opção para avaliar o consumo observado além das exigências de mantença do animal. O objetivo deste trabalho foi identificar potenciais biomarcadores para eficiência alimentar em bovinos da raça Caracu por meio de análise proteômica de plasma sanguíneo. Sessenta e um machos com média de oito meses de idade e 200 kg, do mesmo grupo de contemporâneos, foram submetidos ao teste de eficiência alimentar durante 70 dias, no sistema de cochos eletrônicos Intergado®. O CAR foi calculado e os animais foram classificados em dois grupos: CAR negativo (alta eficiência alimentar) e CAR positivo (baixa eficiência alimentar). Foram coletadas amostras de sangue dos animais e as proteínas presentes no plasma foram identificadas por espectrometria de massa avançada. Proteínas com concentrações acima de duas vezes em um dos grupos foram consideradas diferencialmente reguladas. Os bancos de dados UniProt, Gene Ontology, Reactome e KEGG foram utilizados para auxiliar na interpretação das funções biológicas e moleculares das proteínas diferencialmente reguladas (P < 0,05). Foram identificadas 551 proteínas, das quais 172 foram identificadas apenas em animais CAR positivo, 60 apenas em animais CAR negativo e 319 nos dois grupos estudados. A análise de enriquecimento funcional revelou 56 processos biológicos 35 funções moleculares e 31 vias metabólicas significativas, os quais auxiliam na compreensão da arquitetura genômica da característica. As proteínas diferencialmente reguladas são potenciais biomarcadores os quais poderão ser utilizados para identificar e selecionar os animais com base na eficiência alimentar de maneira rápida, reduzindo os custos com alimentação nos sistemas de produção e contribuindo com a pecuária sustentável.  

O uso de ferramentas que simulam a produção de biomassa em sistemas de pastagens, como os modelos de simulação do crescimento de forragens, pode auxiliar na compreensão dos sistemas de produção animal, possibilitando o melhor planejamento da oferta de pasto e aprimorando o processo de tomada de decisão nas fazendas. O modelo AgS (Agricultural Crop Simulator) simula a produção de biomassa diária com base no balanço entre a fotossíntese e as respirações de manutenção e crescimento de cada órgão da planta. Esse saldo é afetado pela disponibilidade hídrica, pela concentração de dióxido de carbono no ar e pela temperatura, quando fora das condições ótimas. O objetivo do trabalho foi aplicar o modelo AgS e avaliar os resultados obtidos nas simulações da produção de biomassa de capim Marandu em relação aos dados coletados em campo e realizar ajustes necessários nos parâmetros. O modelo foi previamente parametrizado para capim Marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) sob lotação rotacionada. A avaliação ocorreu pela simulação, que consideraram os parâmetros originais, com dados de massa de forragem do mesmo cultivar, coletados em experimento sob lotação rotativa com bovinos, considerando os tratamentos de duas alturas pré-pastejo (25 e 35 cm) durante um ano. Os resultados da simulação, que considerou os parâmetros originais do modelo AgS, mostraram subestimativas da produção de biomassa de folhas e biomassa total de capim, independente do manejo das alturas pré-pastejo empregados. Realizou-se uma nova parametrização alterando valores dos parâmetros que afetam o particionamento de fotoassimilados, com aumento da alocação para produção de folhas e colmos e redução para órgãos de reservas e raízes. O modelo melhorou a sensibilidade para capturar a biomassa total, e diminuiu o EM de -1.000,44 para -313,39 kg ha-1 , o REMQ de 1.760,73 para 1.242,36 kg ha1 , o REMQr de 0,36% para 0,25% e o índice d-Wilmott aumentou de 0,68 para 0,84. A utilização do modelo AgS mostrou-se factível, simples e com bons resultados na simulação de crescimento de capim Marandu sob lotação rotativa. Porém, mais ajustes de parâmetros são necessários, em função das interferências causadas pela presença dos animais em pastejo.

O Brasil vem buscando tornar a produção de ovinos cada vez mais sustentável. Para a melhoria genética dos ovinos da raça Dorper, há a necessidade de estudos mais aprofundados acerca dos seus aspectos produtivos, identificando animais mais eficientes para otimização dos sistemas de produção e melhoria da raça. A seleção fenotípica de ovinos eficientes para o aproveitamento de alimento é fundamental para os programas de melhoramento genético e, o consumo alimentar residual (CAR) se apresenta como uma estimativa funcional para essa perspectiva. O presente estudo objetivou classificar de acordo com o CAR cordeiros da raça Dorper e avaliar a redução gradativa do período de 64 dias de coleta de dados em um teste de eficiência alimentar. Foram utilizados 25 cordeiros com idade inicial média de 95,30 ± 16,30 dias e peso corporal (PC) inicial médio de 27,80 ± 4,20 kg. Os animais foram alojados em baias coletivas e submetidos ao teste de eficiência alimentar em um período total de 64 dias, utilizando sistema automatizado Intergado Science® para coletas de dados. A alimentação dos animais foi realizada ad libitum, fornecida uma dieta total duas vezes ao dia. Foram medidos continuamente o PC e o consumo de matéria seca (CMS, kg/dia) e calculados os valores de ganho médio diário (GMD, kg/dia), peso vivo metabólico (PC0,75, kg) e estimados os valores de CAR. Posteriormente, os animais foram classificados em 3 classes de acordo com o CAR, das quais, CAR- são animais eficientes, CAR+ são os animais menos eficientes e CAR± são animais com eficiência média. Os dados foram avaliados reduzindo-se o período de coleta de dados de 64 dias para 60, 55, 50, 45, 40 e 35 dias. As variáveis foram analisadas quanto as suas características descritivas, calculando-se a média (± desvio padrão) e testando-as a partir do efeito fixo (período de coleta de dados) usando o teste Tukey à 5% de significância. Em seguida, foram realizadas análises de correlação de Pearson para as variáveis contínuas e correlação de Spearman para as variáveis discretas em função do período total de coleta de dados (64 dias), utilizando o programa estatístico SAS. Pelos resultados, 17 animais mantiveram a mesma classificação de acordo com o CAR durante os 64 dias experimentais, em que, 7 cordeiros foram classificados como CAR-, 4 cordeiros como CAR+ e 6 cordeiros como CAR±. Verificou-se coeficientes de correlação altos, positivos e significativos para CMS, GMD, CAR e com a classificação de CAR para todos os períodos avaliados, além de coeficientes de determinação entre 0,46 (P < 0,001) e 0,54 (P < 0,0002). Portanto, é possível reduzir o período de coleta de dados de teste para as estimativas de CAR de cordeiros da raça Dorper de 64 dias para até 50 dias. O CMS e o GMD podem ser estimados a partir dos 40 em um teste de eficiência alimentar.    

O manejo do pastejo com uso de altura do dossel pode influenciar o valor nutritivo da forragem e o desempenho animal. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto de alturas do dossel forrageiro no valor nutritivo da forragem e desempenho de ovinos em pastos multiespécies. Os pastos foram formados de capim Aruana [Megathyrsus maximum Syn. Panicum maximum) Jacq. cv. Aruana] e leguminosas: Macrotyloma [Macrotyloma axillare E. Mey (Verdc) cv. Java], Calopogônio (Calopogonium mucunoides Desv.) e Estilosantes cv. Campo Grande (Stylosanthes macrocephala + Stylosanthes capitata) e manejados sob lotação continua e taxa de lotação variável. Os tratamentos correspoderam a quatro de altura do dossel forrageiro de 15, 30, 45 e 60 cm em delineamento em blocos casualizados com quatro repetições totalizando 16 unidades experimentais (piquetes de 500m2 ). Os resultados foram agrupados nos períodos Final de Verão1 (FV1), Outono (OUT), Início do Verão (IV) e Final do Verão2 (FV2). A análise de variância foi realizada pelo PROC MIXED do pacote SAS (P<0,05) e o teste de médias pelo teste “t” de “Student” (P<0,05). A massa de forragem total foi superior nos pastos mais altos (45 e 60 cm). A proporção de leguminosas nos pastos aumentou ao longo do período experimental com maiores valores no FV2, enquanto no OUT houve maior proporção de leguminosas na simulação de pastejo. Pastos de 15 cm apresentaram maior teor de proteína bruta. O ganho de peso médio diário foi superior no IV em relação ao FV2. A taxa de lotação foi inferior nos pastos de 60 cm. Pastos de capim Aruana e leguminosas forrageiras podem ser manejados de 15 a 45 cm sob lotação continua com ovinos.

 O experimento teve como objetivo avaliar os efeitos da suplementação de taninos como alternativa natural em comparação do controle negativo e a monensina sobre os parâmetros de fermentação ruminal e metabolismo ruminal proteico de dietas para bovinos de corte em terminação. No experimento foram divididos 5 tratamentos, sendo uma dieta basal mais adição de aditivo em doses crescentes, como descrito a seguir: 1) Dieta basal sem adição de tanino; 2) Dieta basal + 0,07% extrato de tanino; 3) Dieta basal + 0,14% extrato de tanino; 4) Dieta basal + 0,21% extrato de tanino e 5) Dieta basal + 25ppm de monensina. O delineamento experimental foi um quadrado latino replicado 5x5 em um sistema Dual flow continuous culture com cinco períodos de 10 dias cada (7 dias de adaptação e 3 dias de coleta) mantendo o ambiente o mais próximo ao rúmen com controle de temperatura, pH, anaerobiose. Nos últimos três dias foram efetuadas as coletas de efluente parte líquida e sólida, para mensurar pH, concentração de NH3, AGV, digestibilidade verdadeira, parâmetros da fermentação ruminal e metabolismo proteico. Não houve diferença significativa (P > 0,05) entre os tratamentos para a digestibilidade ruminal da MS, MO. No entanto, houve um efeito quadrático para a inclusão de tanino para a digestibilidade ruminal da PB, onde as doses de 0,07 e 0,14% da MS apresentaram os maiores valores de digestibilidade. Não houve diferença significativa para os parâmetros de fermentação ruminal e perfil de AGV. Baseado nos resultados do presente estudo, podemos concluir que a adição de tanino em pequenas quantidades (0,07 e 0,14% da MS) aumentaram a digestibilidade ruminal da PB sem afetar os parâmetros de fermentação ruminal

A produção in vitro de embriões (PIVE) é uma das biotecnologias mais utilizadas para promover a diminuição do intervalo de gerações. Para o sucesso da PIVE e alta taxa de clivagem dos oócitos existem fatores que podem interferir, como a idade da doadora e concentrações hormonais. Estudos demonstraram que oócitos recuperados em fase do ciclo estral com alta concentração plasmática de progesterona tem melhor qualidade, quando comparado a oócitos recuperados em outras fases do ciclo. Nas fêmeas pré-púberes os oócitos são imaturos, isso pode estar relacionado com a baixa produção hormonal característico dessa fase. Dessa forma, buscando melhorar a qualidade dos oócitos aspirados de fêmeas pré púberes, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito da utilização de progesterona injetável em novilhas Nelore, 7 dias antes da aspiração folicular guiada por ultrassonografia (OPU). O estudo foi realizado no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos de Corte, Sertãozinho, SP. Foram utilizadas 23 fêmeas da raça Nelore, com 13,04 ± 0,87 meses de idade, divididas aleatoriamente em dois grupos; grupo progesterona (GP) com aplicação de 150 mg/ml de progesterona injetável (Sincrogest injetável® Ourofino, Cravinhos-SP) 7 dias antes da OPU e grupo controle sem aplicação de progesterona, grupo controle (GC). Após 28 dias foi realizada a segunda OPU (cross-over entre os grupos de novilhas). Foram realizadas medidas do trato genital externo (comprimento da rima e largura da vulva) e avaliações ultrassonográficas dos ovários para quantificação de folículos antrais e média dos diâmetros dos ovários (XOV). Os embriões produzidos de oócitos das novilhas foram transferidos para receptoras multíparas da raça Nelore e o diagnóstico de gestação foi realizado 30 dias após a transferência de embriões por meio de ultrassonografia. Após a realização da OPU os oócitos foram selecionados para PIVE e uma amostra fixado em 4% paraformaldeído. Os oócitos viáveis foram submetidos à coloração por imunofluorescência para IGFBP2 e CASPASE-3. Para cada oócito, foi gerada uma imagem por canal (filtro A555 e filtro A488) e analisada com o programa ImageJ (NIH, EUA) para a quantificação da intensidade de fluorescência (pixels). Os dados foram analisados pelo procedimento MIXED do SAS®. O comprimento da rima (73,92 ± 2,27, 69,25 ± 2,27 p=0,14) e largura da vulva (46,73 ± 1,18, 46,54 ± 1,18, P=0,91) não diferiu entre os grupos progesterona vs. controle. A XOV (média do diâmetro ovariano) foi semelhante entre os grupos (22,23 ± 0,47, 21,83 ± 0,47, P=0,54). As novilhas apresentaram grande quantidade de folículos pequenos <5mm (30,73 ± 3,54, 30,26 ± 3,54, p=0,85), folículos 5-8mm (6,34 ± 1,51, 7,21 ± 1,51, P=0,68), folículos grandes >8mm (2,34 ± 0,34, 2,34 ± 0,34, P=1,0) independente do tratamento a progesterona não interferiu na quantidade e tamanho dos folículos. Não foram observadas diferenças entre GP e GC no número total de oócitos aspirados (23,19 vs. 24,29; P=0,78, respectivamente), número de oócitos viáveis (18,55 vs. 19,39; P=0,8 respectivamente), taxa de clivagem (75,77% vs. 75,58%; P=0,60, respectivamente), e taxa de embrião (33,95% vs. 37,95%; P=0,56, respectivamente). Não foram observadas diferenças na intensidade de pixels entre GP e GC nos níveis de IGFBP2 (137,37 vs. 135,43, respectivamente) e CASPASE-3 (118,96 vs. 118,22, respectivamente). Entretanto, foi observado taxa de prenhez foi maior (42,1%; 76/32) nos embriões produzidos de novilhas do grupo progesterona quando comparado a taxa de prenhez dos embriões produzidos do grupo sem tratamento de progesterona (28,4%; 81/23) (P=0,02). Foi concluído que a utilização de progesterona injetável antes da OPU em novilhas Nelore pré-púberes não melhora a produção de embriões in vitro, entretanto aumenta a taxa de prenhez após transferência. 

Objetivou-se com este estudo avaliar o efeito de diferentes programas de manejo alimentar e de estímulo tátil sobre as características de metabolismo ruminal, parâmetros metabólicos no sangue, crescimento e desenvolvimento de bezerros Gir Leiteiro do nascimento aos 120 dias de idade. Foram utilizados 40 bezerros provenientes de FIV (fertilização in vitro), sendo a concentração da época de parto entre Outubro de 2021 e Janeiro de 2022 na fazenda experimental da Epamig, Uberaba/MG, Brasil. Os bezerros foram distribuídos em quatro tratamentos: manejo alimentar convencional (MC); manejo alimentar otimizado (MO); manejo com estímulo tátil (EC) e manejo sem estímulo tátil (ES). Os bezerros permaneceram em piquetes, separados de suas mães, nos períodos de aleitamento, do nascimento até 60 dias, no desaleitamento dos 61 aos 90 dias e após o desaleitamento, de 91 a 120 dias, mas frequentaram a sala de ordenha em todo o período experimental, sendo que um teto era reservado à sua alimentação até os 90 dias. Durante o período experimental foram mensurados parâmetros de desempenho (peso, medidas corporais e consumo alimentar), parâmetros sanguíneos (glicose, colesterol, triglicerídeos, HDL, LDL, VLDL, albumina, proteína, uréia, creatinina, lactato, NEFA e β-Hidroxibutirato), parâmetros de líquido ruminal (acetato, propionato, butirato, isobutirato, valerato, isovalerato, proporção acetato:propionato, total de ácidos graxos de cadeia curta, nitrogênio amoniacal e pH) e incidência de doenças nos bezerros. Foram realizadas análises estatísticas empregando-se os procedimentos GLM, Mixed, Means e Freq (SAS Institute Inc, versão 9.4). Os maiores pesos e ganhos de peso a partir dos 30 dias de idade foram obtidos para os tratamentos que empregaram MO. Os ganhos de peso médios diários aos 30 dias foram de 0,24±0,04 kg e 0,32±0,04 kg, respectivamente, para os tratamentos MC e MO. Aos 60 dias de idade dos bezerros, os ganhos de peso médios diários foram de 0,35±0,03 kg e de 0,46±0,03 kg, respectivamente para os tratamentos MC e MO e, aos 90 dias de idade, de 0,41±0,03 kg e 0,49±0,03 kg, para os tratamentos MC e MO. Estes resultados indicaram que um manejo alimentar eficiente gera bezerros mais pesados no pré-desmame e mantendo no pós-desmame. O ambiente ruminal dos bezerros com 30 dias de idade, já apresentou atividade, com base nos valores de pH, na concentração de ácidos graxos de cadeia curta e nos metabólitos analisados. O tratamento de manejo alimentar otimizado com o estímulo tátil, proporcionou aos bezerros melhores pesos no pré-desmame, no pós-desmame, maiores ganhos de peso a partir dos 60 dias de idade dos bezerros e maior desenvolvimento corporal. Tais resultados são relevantes, uma vez que estudos envolvendo o desenvolvimento corporal e ruminal de bezerros da raça Gir Leiteiro são escassos e podem ajudar na melhor compreensão das exigências nutricionais desses animais na fase de crescimento.

Os nematoides gastrintestinais se constituem em um dos maiores problemas sanitários na criação de ovinos. Contudo, fatores como a genética, a raça, a nutrição, o estado fisiológico e a imunidade contribuem decisivamente para a resistência do hospedeiro. O controle da população deste nematoide deve ser multifatorial, com medidas profiláticas, manejo sanitário e medicamentoso. Porém, o uso indiscriminado de anti-helmínticos de diferentes classes contribuiu para o surgimento de cepas de nematoides resistentes. Este estudo pesquisou complexos homeopáticos para o controle de nematoides gastrintestinais em ovinos. –: Spigelia anthelmia 9 CH (CH = Centesimal Hahnemanniano), Arsenicum album 11 CH, Kali phosphoricum 15 CH, Cina 9 CH e Apis mellifica 15 CH, acrescentando Ora Pro Nobis 6 CH em T1, Ferrum metallicum 6 CH em T2; o tratamento T3 foi o controle sem medicação homeopática, apenas o concentrado. O experimento ocorreu no Instituto de Zootecnia (IZ), em Nova Odessa - SP (Brasil), no período de dois meses, sendo os animais avaliados três vezes no período (15, 30 e 45 dias após o início dos tratamentos). Ovos por grama de fezes (OPG), Famacha©, escore de condição corporal e ganho de peso diário foram avaliados. A eficácia foi calculada com base no OPG dos animais tratados e do controle em cada avaliação, e os outros dados analisados com o programa SAS. Os resultados para T1 foram: 6%, 71% e 72% de eficácia para Trichostrongylidea (T) e 78%, 20% e 81% para Strongylidae (S), aos 15, 30 e 45 dias de administração, respectivamente. Em T2, a eficácia para T foi de 0%, 69% e 79% e para S de 97%, 46% e 44% aos 15, 30 e 45 dias, respectivamente. Não houve efeito em relação às demais variáveis estudadas. Concluiu-se que os complexos homeopáticos colaboraram no controle de nematoides gastrintestinais de ovinos. 

A raça Santa Inês apresenta um bom desenvolvimento ponderal, rusticidade e prolificidade, além de ser indicada para produção de carne. Analisando essas perspectivas, o objetivo deste estudo foi estimar os parâmetros genéticos do peso corporal (PC) e das seguintes características morfométricas: altura da cernelha (AC), altura da garupa (AG), comprimento corporal (CC), escore de condição corporal (ECC), largura da garupa (LG) e perímetro torácico (PT) em ovinos da raça Santa Inês. Os dados foram coletados de 1.773 animais da raça Santa Inês, nascidos entre 1995 e 2019, oriundos de cinco fazendas localizadas no estado de São Paulo e uma no Paraná. O arquivo de pedigree continha 4.820 animais, e após concluir a análise de consistência dos dados, foram utilizados 1.558, 1.287, 1.286, 1.288, 1.460, 1.247 e 1.346 observações para PC, AC, AG, CC, ECC, LG e PT, respectivamente. Os efeitos fixos de cada variável foram testados utilizando o pacote “car” no software R e incluídos posteriormente no modelo para estimar as parâmetros genéticos. Os componentes de variância e as herdabilidades foram estimados pelo modelo animal, por meio de análises bayesianas unicaracterísticas, utilizando o programa THRGIBBS1F90. As estimativas de herdabilidade e erros-padrão para PC, AC, AG, CC, ECC, LG e PT foram: 0,25 (0,02); 0,25 (0,04); 0,22 (0,03); 0,15 (0,05); 0,37 (0,04); 0,17 (0,03) e 0,22 (0,02), respectivamente. Com base nos parâmetros genéticos obtidos é possível obter ganhos genéticos para as características avaliadas pela resposta a seleção direta para peso corporal e para escore corporal, que são características facilmente mensuráveis.

Um dos principais desafios na pecuária brasileira em especial na espécie bovina, é o

impacto que a infestação dos ectoparasitas como o carrapato-do-boi (Rhipicephalus

microplus), a mosca-dos-chifres (Haematobia irritans), e o berne (Dermatobia

hominis) provocam na saúde do hospedeiro. A técnica de controle seletivo visa tratar

somente os animais mais infestados, com o intuito de diminuir a quantidade de

carrapaticida no rebanho e assim minimizar a seleção de carrapatos e outros

ectoparasitas resistentes. O presente estudo avaliou cerca de 90 vacas em lactação,

com idade entre 2,5 e 10 anos, de grupos genéticos diferentes, Holandês, Jersey,

Girolando (1/2 e ¾ Gir) e mestiços (3/4, 7/8 Holandês e/ou Jersey x Gir), criadas em

sistema semi-intensivo de produção, em vários lotes de acordo com a produção de

leite. Os animais foram avaliados em 7 ocasiões, totalizando 622 observações no

período de início de agosto de 2018 a janeiro de 2019. Foram realizadas inspeções

individuais a intervalos em torno de 21 dias. O controle do carrapato foi realizado

pelo método de controle seletivo em todos os animais com carrapaticida a base de

flumetrina 1% Pour on, utilizado apenas quando a contagem no terço anterior direito

fosse igual ou superior a 8 fêmeas de R. microplus, maiores que 4 mm. Junto com a

avaliação de carrapatos foi feita a contagem de moscas (lado direito) e de bernes

(todo o corpo), tendo se verificado a condição corporal (CC) por meio de notas (1,

caquética, a 5, muito gorda), de acordo com visualização da região sacro-ilíaca.

Grupo genético, e lote foram fatores de variação significativos para todas as

variáveis estudadas. O número médio de carrapatos no período foi de 13,7 ± 23,1

carrapatos. Em relação aos grupos genéticos, a raça Holandesa foi a mais

susceptível como o esperado, diferindo das demais raças, e estas não diferiram

entre si. Houve correlação negativa com a condição corporal, indicando que os

animais em pior condição tinham maiores infestações de R. microplus (-0,336,

P<0,0001). A raça Jersey teve a menor média de moscas-do-chifre e de berne

(P<0,05). O número médio de moscas-do-chifre em cada avaliação variou entre 4 a

17, ficando a média no período abaixo de 9 moscas, e a correlação com CC foi

positiva (0,133, P < 0,001). O tratamento parcial do rebanho, visando o controle do

carrapato, teve impacto sobre a mosca-do-chifre, diminuindo a infestação, porém,

não interferiu sobre a infestação pelo berne.