Entre as forrageiras disponíveis no Brasil, a cana-de-açúcar é muito utilizada na nutrição animal, no entanto, o baixo nível de proteína bruta e a baixa digestibilidade da fibra prejudicam o desempenho animal. Diante da baixa qualidade nutricional da cana-de-açúcar, a associação com plantas que possam complementar essas características mostra-se como uma alternativa para a produção de ruminantes. A Tithonia diversifolia (Hemsl.) A. Gray (TD) pode ser considerada uma espécie com potencial complementar à cana-de-açúcar, pois apresenta teores de proteína bruta que variam de 18 a 21% nas folhas e adapta-se facilmente às condições climáticas nas regiões tropicais. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar os aspectos produtivos e fisiológicos de cordeiros alimentados com silagem de cana-de-açúcar e Tithonia diversifolia. Esta dissertação está dividida em três capítulos: 1 – Revisão de literatura; 2 – Desempenho, características e qualidade de carcaça e da carne de cordeiros alimentados com silagem de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e Tithonia diversifolia; 3 – Parâmetros fisiológicos, temperatura corporal, produção de metano entérico e microbiota ruminal de cordeiros alimentados com silagem de cana de-açúcar (Saccharum officinarum) e Tithonia diversifolia. Foram avaliados 20 cordeiros machos não castrados, mestiços ½ Santa Inês × ½ Dorper, com idade aproximada de 120 dias e peso médio inicial de 25,7 ± 2,47 kg, alimentados com dieta composta por volumoso: 60% silagem e 40% de concentrado, distribuídos aletoriamente em dois tratamentos: SCA = silagem de 100% cana-de-açúcar e SCA+TD = silagem de 50% cana-de-açúcar + silagem de 50% Tithonia diversifolia. O período de confinamento foi de 68 dias, sendo 14 dias destinados à adaptação dos animais às deitas e instalações. Os dados foram avaliados através de testes de média e analise de correlação. A combinação de silagem de cana-de-açúcar + Tithonia diversifolia não modificou as medidas desempenho animal, as características de carcaça e a composição físico-química e antioxidantes da carne. No entanto, foi observado um aumento na FC e FR, e, uma diminuição das temperaturas superficiais.  

O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia de diversas combinações de aditivos na fermentação ruminal, utilizando um sistema in vitro de produção de gás. Foram testados o extrato de planta de canela, a monensina e a virginiamicina, tanto isoladamente quanto em diferentes combinações para analisar suas interações e efeitos. Os 5 tratamentos estabelecidos incluem o I) Controle negativo (T1); II) Monensina (T2); III) Combinação de extrato de plantas (T3); IV) Monensina e combinação de extrato de plantas (T4); V) Monensina, combinação de extrato de plantas e Virginiamicina (T5). A dieta basal utilizada foi composta por farelo de milho, farelo de soja, feno, silagem de milho e ureia, simulando as condições de confinamento para bovinos em terminação, caracterizada principalmente por um alto teor de concentrado (85%) e uma pequena proporção de volumoso (15%). O delineamento experimental adotado foi o delineamento inteiramente causalizado (DIC), com tratamentos distribuídos aleatoriamente entre os grupos. A coleta de dados ocorreu ao longo de um período experimental de 31 dias, com adaptação dos animais doadores (conteúdo ruminal) e preparação das dietas nos primeiros 21 dias, seguidos pelo ensaio de produção de gases in vitro ao longo dos dez dias subsequentes. Nas análises estatísticas foi utilizado o método de Tukey para comparar médias entre diferentes tratamentos. Diferenças estatística foram consideradas com um nível de significância de P ≤ 0,05, enquanto valores de P entre 0,05 e 0,10 indicaram uma tendência. Os resultados indicaram que a monensina foi eficaz para reduzir as emissões de metano em comparação com a dieta controle. O tratamento T5 também se mostrou eficaz na redução de metano em comparação com a dieta controle (T1) (P < 0,05). A monensina isolada (T2) ou em combinação foi eficaz para reduzir a relação acetato: propionato em comparação com a dieta controle (P < 0,05). No entanto, o tratamento com apenas adição de Extrato de planta (T3) aumentou a concentração de amônia em comparação com todos os outros aditivos e o T1 (P< 0,05). O tratamento T5 (monensina + extrato de planta + virginiamicina) demonstrou os melhores resultados em termos de digestibilidade e redução de gases metano e CO2. Esses resultados sugerem que a combinação de aditivos pode otimizar o desempenho produtivo ao ajustar os padrões de fermentação ruminal. As mudanças na composição dos microrganismos ruminais promovem uma digestão mais eficiente, reduzindo as perdas de energia e a emissão de gases nocivos, evidenciando o potencial dessas combinações na formulação de dietas para bovinos. 

 O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da seleção para crescimento sobre dias ao parto e prenhez em bovinos da raça Nelore. O banco de dados genealógicos continha informações de 12.865 animais, nascidos entre 1960 a 2021. Os componentes de (co)variância, foram estimados utilizando um modelo animal bicaracterístico, por meio da abordagem Bayesiana, aplicando o procedimento single-step GBLUP (ssGBLUP). Os parâmetros genéticos para peso ao nascer (PN), peso à seleção (PSEL), dias ao parto (DIAP) e prenhez (PREN) foram estimados para o rebanho, que inclui informações das três linhas de seleção: Nelore Controle (NeC), Nelore Seleção (NeS) e Nelore Tradicional (NeT). Além disso, os parâmetros genéticos de PN, PSEL e DIAP foram estimados em cada uma das três linhas de seleção separadamente. Para as linhas de seleção, também foram obtidos os valores genéticos e o ganho genético anual. O rebanho, considerando a análise das três linhas seleção, assim como a análise das linhas de seleção separadas, apresentaram herdabilidade direta (h2d) para PN e PSEL de alta magnitude (0,46±0,02 a 0,44±0,07 e 0,41±0,02, respectivamente). No entanto, para o DIAP e PREN a h2d foi de baixa magnitude (0,10±0,02 a 0,07±0,02 e 0,10±0,02, respectivamente). A herdabilidade materna (h2m) e efeito de ambiente permanente materno (C2m) para PN apresentaram baixa magnitude nas análises das linhas de seleção em conjunto ou separadas. O efeito de ambiente permanente do animal (C2a) e repetibilidade (Rep) para DIAP e PREN foram de baixa a média magnitude. A correlação genética (rg) entre PN e DIAP para o rebanho foi positiva e moderada (0,31±0,06). No entanto, a rg entre PN e DIAP apresentou baixa magnitude para NeC (0,06±0,16), moderada para NeS (0,38±0,12) e alta para NeT (0,56±0,09). No rebanho, PN e PSEL apresentaram rg positiva e de alta magnitude (0,58±0,04). No rebanho, a rg entre PN e PREN, e PSEL e PREN foram negativas, sendo moderada e de baixa magnitude (-0,32±0,08 e -0,07±0,08, respectivamente). Os valores genéticos para PN aumentaram nas linhas NeS e NeT no período de 1981 a 2021, enquanto diminuiu na linha NeC. Os valores genéticos de PSEL e PREN aumentaram nas três linhas de seleção; por outro lado, diminuíram para o DIAP. A seleção para PN e PSEL pode resultar em uma diminuição da característica PREN, principalmente nas linhas NeS e NeT, onde os valores genéticos médios de PREN ao longo dos anos foram mais altos. As diferenças nos valores genéticos de DIAP observados entre as linhas de seleção NeS e NeT em comparação com NeC podem ser atribuídas ao aumento do PN, possivelmente devido a um período de gestação mais longo, períodos de serviço mais longos ou até mesmo menores taxas de prenhez das fêmeas das linhas NeS e NeT. Essas tendências sugerem que os maiores valores genéticos de DIAP nas linhas NeS e NeT podem ser devido ao aumento do PN e às menores taxas de prenhez, em comparação a linha NeC. Desse modo, embora a seleção para características de crescimento possa trazer benefícios produtivos, é crucial considerar os potenciais efeitos negativos na fertilidade das fêmeas em gerações futuras. 

Objetivou-se com este trabalho avaliar os possíveis efeitos no desempenho produtivo ena qualidade de ovos de poedeiras comerciais ao receberem alimentos alternativos durante a muda forçada. Foram utilizadas 72 poedeiras comerciais da linhagem HyLine W-80, com 105 semanas de idade ao início da muda forçada. As aves foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), recebendo seis tratamentos: 1. muda forçadaconvencional (aves em jejum); 2. aves recebendo ração a vontade durante todo período de muda forçada; 3. aves recebendo farelo de arroz a vontade durante a muda forçada; 4.aves recebendo farelo de trigo a vontade durante a muda forçada; 5. aves recebendo calcário de granulometria grosseira a vontade durante a muda forçada; e 6. aves recebendo alfafa moída a vontade durante a muda forçada, com 12 repetições cada tratamento, num total de 72 parcelas. Na indução de muda forçada, as aves foram mantidas com iluminação natural e pesadas em intervalos de dois dias. Após perderem aproximadamente 25% do peso corporal, foi realizado o período de descanso, dando-se início a avaliação do segundo ciclo de produção. As aves receberam ração comercial, compostas a base de milho e farelo de soja, seguindo as recomendações do manual da linhagem Hy-Line W-80. O desempenho produtivo foi avaliado por meio das variáveis: número de ovos produzidos, consumo de ração, massa de ovo, conversão alimentar por dúzia de ovos produzidos e conversão alimentar por quilograma de ovos. A qualidade de ovos foi avaliada por meio das variáveis: peso dos ovos, altura do albúmen, cor da gema, unidade Haugh, porcentagem de gema, albúmen e casca, índice gema, resistênciaa quebra, espessura de casca, peso da casca por superfície de área. A luz artificial foi retirada (durante a muda forçada?) após o início da muda forçada e ao final, se reintroduziu a ração novamente e a luz artificial gradativamente, ambas (confuso). Os resultados foram submetidos à análise de variância com auxílio do pacote computacional SAS e, quando o fator tratamento foi significativo (P<0,05), foi aplicado o teste de Tukey-Kramer para comparar as médias. Os resultados indicaram que alimentos alternativos podem substituir a prática de jejum das aves em período de muda forçada, pois proporcionaram a interrupção da produção de ovos dentro do prazo esperado. A porcentagem de postura dos tratamentos no pós-muda com farelo de trigo, farelo de arroz, calcário e ração diferiram entre si (P>0,05), com médias de: 98; 97; 97 e 98,%, respectivamente e similares ao jejum. Aves alimentadas com alfafa tiveram as menores médias (88%) (P<0,05). Não foram observados efeitos significativos (P>0,05) dos tratamentos sobre as demais variáveis de desempenho ou qualidade de ovos. Esse resultado é um indicativo que a retirada de luz artificial, durante o período de muda forçada, foi eficiente para reproduzir nas aves que receberam alimentos durante este manejo, os mesmos efeitos de descanso, regressão do ovário e oviduto bem como perda corporal. Conclui-se que os alimentos alternativos fornecidos durante a muda bem como a retirada da luz, foram efetivos para garantir desempenho e qualidade de ovos similares aos obtidos com o método convencional de jejum.

O objetivo do presente trabalho foi estimar parâmetros genéticos para características de emissão de metano, comportamento alimentar, eficiência alimentar e desempenho, assim como estimar as respostas correlacionadas à seleção para mitigar as emissões usando registros de bovinos da raça Nelore. Os animais avaliados estavam com idade média no início do teste de 323 ± 108 dias e peso corporal médio (PVM) no meio do teste de 320 ± 98 kg (média ± DP). A emissão diária de metano (CH4, g/dia, 1152 registros) foi estimada pela metodologia do gás traçador hexafluoreto de enxofre. As características de comportamento alimentar (1574 registros) foram obtidas por meio de cochos eletrônicos, compreendendo o tempo médio de permanência no cocho (TPC, min/dia), frequência média de visitas ao cocho (FVC, nº/dia), e taxa de consumo (TC, g/minuto). As características de eficiência alimentar (2440 registros) foram obtidas de cochos eletrônicos e por observações em baias individuais sendo calculados o consumo de matéria seca (CMS, kg/dia) e consumo alimentar residual (CAR, kg/dia) e por meio das pesagens calculou-se o ganho médio diário (GMD, kg/dia) durante os dias em teste e posteriormente o PVM (kg). As médias foram de 175 ± 62 g/dia; 95 ± 27 min/dia; 71 ± 25 nº/dia; 93 ± 25 g/minuto; 7,8 ± 1,6 kg/dia; 0,0 ± 0,6 kg/dia; 1,1 ± 0,4 kg/dia; e 320 ± 98 kg para CH4, TPC, FVC, TC, CMS, CAR, GMD, PVM, respectivamente. As estimativas de herdabilidade foram 0,25 ± 0,05 para CH4; 0,49 ± 0,04 para TPC; 0,32 ± 0,05 para FVC; 0,42 ± 0,05 para TC; 0,35 ± 0,03 para CMS; 0,18 ± 0,03 para CAR; 0,35 ± 0,04 para GMD; e 0,47 ± 0,03 para PVM. As estimativas de correlação genética (rg) entre CH4 e comportamento alimentar variaram entre -0,23 e 0,49 e foram de magnitude moderada a alta com as características de eficiência e desempenho, destacando-se as rg entre CH4 x CMS (0,93 ± 0,09), CH4 x GMD (0,88±0,11), e CH4 x PVM (0,93±0,09). A resposta direta à seleção mostrou que a seleção aplicada para menor emissão de CH4 resultará em ganho genético de -1,58 g/dia, porém com resposta correlacionada de redução de 1,16 kg/ano no PVM, redução de 0,86 kg/ano no CMS, e redução de 0,32 min/ano no TPC. Em conclusão, as características de emissão de CH4 são passíveis de seleção genética, porém, são altamente e positivamente correlacionadas com as características de desempenho e outras características de importância econômica, apresentam correlações genéticas positivas e altas, limitando sua utilização. Estes resultados fornecem uma base para decisões que visam tornar a pecuária mais sustentável. 

Objetivou-se avaliar o potencial dos sistemas integrados de produção agropecuária (SIPA) na produção de silagem, desempenho de bovinos de corte em pastagem e mitigação das emissões de CO2 do solo comparados ao monocultivo. O presente estudo foi realizado em duas etapas. A primeira etapa avaliou a produtividade da silagem de sorgo forrageiro monocultivo (SFM), sorgo em consórcio com capim Mombaça (SM) e com capim Zuri (SZ), e o desempenho de bovinos de corte em pastagem. Na segunda etapa foi investigada a variabilidade espaço temporal das emissões de CO2 (FCO2), temperatura e umidade do solo, e atributos físicos nas mesmas áreas sob sistemas SFM, SM e SZ. As avaliações FCO2, temperatura e umidade do solo foram realizadas no inverno de 2022 e no verão de 2023, totalizando 20 avalições em cada período. Foi realizada a análise da variância no esquema de medidas repetidas ao longo do tempo. O delineamento experimental foi em bloco incompleto casualizado com três tratamentos e três blocos. Não houve diferença estatística entre os tratamentos para as variáveis plantas/m, altura, massa verde da silagem (t/ha), massa seca de silagem (t/ha), proporção de sorgo e porcentagem de matéria seca (MS%) da silagem. Houve diferença significativa entre os tratamentos nas variáveis, índice de clorofila - SPAD (P=0,04) e proporção de capim (P=0,02). O SPAD foi maior no tratamento SFM (56,46); SZ (51,40) e SM (51,60) não diferiram entre si. A proporção de capim em SZ foi maior (29,53) comparada à SM (21,31). Para os parâmetros de qualidade da silagem como, proteína bruta (%), fibra em detergente neutro (%), fibra em detergente ácido (%), lignina (%), digestibilidade da matéria seca (%), e pH, não houve diferença significativa. O ácido lático foi significativamente maior para o SFM (8,59) comparado aos consórcios SM (5,08) e SZ (6,67). A composição bromatológica do capim pós-silagem e o peso dos animais, não apresentou diferença significativa entre os tratamentos. Para a emissão de CO2 nos dois períodos houve interação significativa entre os dias de avaliação e os tratamentos. Os resultados evidenciam que existe uma dinâmica diferente da emissão de CO2 em função da estação do ano. No inverno os sistemas SZ (1,69 μmol m-2 s-1) e SM (1,56 μmol m-2 s-1) emitiram menos CO2 que o sistema SFM (1,73 μmol m-2 s-1), uma vez que SZ (19.4 ºC) e SM (18,6 ºC) propiciaram temperaturas mais baixas e maior retenção de água no solo. No verão a temperatura e a umidade do solo foram mais estáveis nos três sistemas e a emissão de CO2 foi maior em SZ (5,73 μmol m-2 s 1). A densidade de solo no inverno foi menor para o SFM (1,15 g/cm³) em comparação a SZ (1,27 g/cm³), mas não diferiu do SM (1,20 g/cm³). Os valores de macroporosidade também foram significativamente menores em SZ (33,02%) comparados a SFM (39,19%), mas não diferiu do SM (16,56%). Após o mapeamento da variabilidade espacial foram identificadas regiões com diferentes potenciais para FCO2 associadas à temperatura e umidade do solo. A consorciação sorgo com Panicum foi produtiva para silagem podendo ser uma alternativa sustentável do uso do solo. O SIPA foi eficiente para o estabelecimento de pastagem e desempenho dos animais durante o período de pastejo e emitiram menos CO2 quando comparado ao SFM no inverno.