10/11/2025
Pesquisas buscam reduzir emissões na pecuária sem perda de produtividade

Avanços em combinação genética,
nutrição animal e manejo de pastagens, serão apresentados na COP30
Além do bioma pampa, há pesquisas
também em outros sistemas produtivos. Em 2025, pela primeira vez, o Instituto
de Zootecnia de São Paulo (IZ-SP) incluiu em seu Sumário Nelore a DEP para
emissão de metano entérico, expressa em gramas/dia.
“Pesquisas do IZ já provaram que
touros selecionados para eficiência alimentar produzem progênies [filhos] que
consomem menos 220g de alimento/animal/dia e emitem menos 6 g de metano
entérico/animal/dia, sem reduzir o peso e o ganho de peso dos animais",
explica a zootecnista Maria Eugênia Zerlotti Mercadante. "Isso parece
pouco, mas em um confinamento de 90 dias um animal desses economiza 20kg de
alimento e deixa de emitir 0,5 kg de metano entérico, e mil animais economizam
duas toneladas de alimento e deixam de emitir 500 kg de metano no ambiente”,
observa.
De acordo
com a pesquisadora, o animal com maior potencial genético para crescimento vai
chegar ao peso de abate antes do animal com potencial menor. Isso significa que
ele poderá ser abatido com idade menor e, consequentemente, irá emitir menos
metano durante a sua vida.
"Não
adianta só a redução pontual das emissões. Precisamos otimizar e intensificar o
sistema, para que tenhamos idades de abates mais novas, diminuindo assim a
emissão de metano durante todo o período de vida do animal", observa
Renata Branco, também pesquisadora do IZ-SP. Nesse aspecto, o Brasil conta com
grande potencial para redução dessas emissões, uma vez que ainda há muitos
animais sendo abatidos após os 30 meses de idade.
O IZ-SP
realizou 30 experimentos em 11 anos de trabalho, que avaliaram 1,6 mil animais,
todos da raça nelore - que hoje representa cerca de 80% do rebanho de corte do
país. As pesquisas foram realizadas nas unidades de Sertãozinho e São José do
Rio Preto.
Um animal
em confinamento emite entre 160 e 170 gramas de metano por dia. Porém, esse
índice varia conforme diversos fatores, que incluem a idade e o tipo de dieta.
Animais criados a pasto, por exemplo, têm níveis diferentes de emissões. As
pesquisas desenvolvidas incluem a utilização de dietas mais digestíveis,
incluindo aditivos, moduladores e óleos.
O caminho
para a redução das emissões passa pela intensificação da produção, segundo
Renata Branco. "Eu preciso produzir um bezerro ao ano por vaca, desmamar
bem esse bezerro e fazer uma boa recria desse bezerro para que ele entre no
confinamento e consiga ser abatido com 24 meses", justifica. "Como eu
consigo fazer isso? Usando as tecnologias e intensificando a produção. A
intensificação é necessária para que a gente tenha uma pecuária produtiva,
eficiente e sustentável."
O
potencial de redução de emissões com a adoção do melhoramento genético é
calculado em 35%. Já as dietas mais digestíveis podem alcançar 20%. No caso do
pastejo rotacionado, essa redução pode chegar a 30%.
Em vez de
visar somente a redução das emissões, a pesquisadora ressalta que é possível,
ao mesmo tempo, aumentar a produtividade. Neste sentido, é possível reduzir as
emissões de um animal sem reduzir o seu ganho de peso. "A pecuária
brasileira tem um grande potencial de produção de alimentos de forma
sustentável usando as tecnologias que estão disponíveis", resume.
Segundo o
relatório mais recente do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito
Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, divulgado na última segunda-feira
(03/11), a pecuária é a atividade econômica mais emissora do Brasil, com 51% do
total - levando-se em conta as emissões indiretas, pelo desmatamento e uso de
energia, e diretas, pela fermentação entérica.
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