02/08/2024
Moringa pode ser ótima alternativa de forragem para alimentar ruminantes na seca
Pesquisadores do Instituto de Zootecnia apontam características
positivas da planta e ressaltam potencial produtivo
O agravamento da estiagem no estado de SP tem afetado
plantações e aumentado o problema de escassez de alimentos para os ruminantes.
Na busca por espécies vegetais mais resistentes a estas condições,
pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), da Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo, têm encontrado na Moringa oleífera
uma alternativa viável para alimentação neste período.
Além de ser mais resistente à seca, a moringa é um alimento
alternativo com características produtivas, nutricionais e medicinais que podem
melhorar a produtividade e qualidade dos produtos de origem animal com redução
de custos e menores impactos ambientais.
O óleo extraído da semente da planta apresenta atividade
antimicrobiana, diminuindo a incidência de bactérias patogênicas que podem
causar doenças. Seu uso ajuda a selecionar as bactérias benéficas no trato
gastrointestinal dos animais. Em ruminantes este alimento contribui para
diminuição da produção de gases de efeito estufa como o metano, diminuindo o
impacto ambiental.
Todas as partes da planta podem ser aproveitadas. Caules,
flores, frutos e sementes são comestíveis para os animais e com elevados teores
de proteínas, vitaminas e minerais. As folhas são ricas em betacaroteno,
vitamina C, proteína bruta (PB), ferro e potássio. Já as sementes são ricas em
proteínas e rica em óleos essenciais, incluindo compostos fenólicos, flavonoides
e outros que podem ser promotores da saúde animal.
Segundo o pesquisador do IZ Fábio Prudêncio de Campos, esta
planta tem teores de proteína bruta de 28% nos folíolos e 25% nas folhas.
“Quando colhida em altura de 1,60m e picada na íntegra (caule e folha), a
planta apresentou teor de PB total ao redor de 14% e digestibilidade da matéria
seca de 64,3% no período das secas, sendo semelhantes a vários capins tropicais
no período das chuvas. O que se infere que haverá ótimo consumo e desempenho
animal. Contudo, é necessário o manejo de reposição de nutrientes do solo,
principalmente fósforo e potássio”, relata.
Campos comenta que, como toda leguminosa, seu principal
problema é o ataque de formigas tipo saúva, principalmente no processo de
implantação. “Deve-se ter um rigoroso controle, mesmo depois de sua implantação”,
diz.
O pesquisador também alerta que, por ser uma planta arbórea,
deve-se ter o controle da altura de corte, a fim de se manter a relação caule:folha
de forma mais equilibrada. “Em alturas acima de 1,60m haverá muito caule,
superando 58% na massa de forragem, o que diminuirá a digestibilidade dessa
planta quando oferecida aos animais na forma de silagens ou picadas no cocho.
Assim, planta de 1,0m poderá ter menor volume de massa produzida, porém terá
maiores valores nutricionais, por ter maiores volumes de folhas em relação aos
caules”, comenta Campos.
Moringa oleífera
A moringa é uma planta arbórea originária da Índia e que
atualmente está presente em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo.
Pode ser usada na produção apícola, na alimentação animal e humana, na produção
de óleo de ótima qualidade de produtos medicinais, fibras têxteis e cosméticos.
O interesse em seu cultivo em vários países deve-se principalmente as
propriedades nutricionais, terapêuticas e profiláticas.
A planta é de fácil propagação (sementes) e de rápido
crescimento, demandando pouco cuidado, por possuir uma resistência que permite
viver por longos períodos de estiagem. Na
literatura menciona-se que o plantio pode ter até 500.000 plantas de moringa
por hectare, podendo atingir uma produtividade de 200 toneladas de forragem
fresca. Contudo, para facilidade de manejo dos tratos culturais, é recomendado
o plantio mais adensado, com espaçamento de 50 × 20 cm, o que representa
100.000 plantas por hectare, porém com menor produtividade. A forma de plantio
inicial recomendada é através do uso de tubetes de germinação de
sementes com solo vegetal comercial, para se ter o maior controle. Sendo assim,
o replantio deverá ser no campo quando as plantas atingirem alturas ao redor de
10 a 15 cm. No entanto, pode-se também efetuar o plantio das sementes direto no
campo, porém o controle inicial deverá ser ainda mais rigoroso, por causa das
plantas invasoras e ataques de formigas que ocorrem em todas as fases de
crescimento das plantas.
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