24/05/2024
Parceria avança na redução de emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário
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O IZ-Apta, da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, colabora com o projeto
que visa a redução de emissão de GEE no setor agropecuário na área de pastagens
degradadas
Desde 2021, a Embrapa Meio Ambiente colabora com o Centro de Pesquisa
para Inovação em Gases de Efeito Estufa - RCGI, em uma iniciativa liderada pela
Universidade de São Paulo (USP) e apoiada pela Fapesp e Shell Brasil. Uma das
etapas da pesquisa mostrouquea emissão de óxido nitroso a partir da
adubação indicaque não há relação linear entre o aumento da dose do
fertilizante nitrogenado aplicado e a emissão de óxido nitroso. Para pastagens
fertilizadas, o fator de emissão de óxido nitroso para o fertilizante nitrato
de amônio não tem ultrapassado o valor padrão sugerido pelo IPCC.
De acordo com Cristiano Andrade, pesquisador da Embrapa Meio
Ambiente, os estudos visam quantificar as emissões de gases de efeito estufa
geradas pelo uso de fertilizantes em pastagens, propor e validar fatores de
emissão para óxido nitroso provenientes de fontes nitrogenadas e excretas
animais, além de monitorar o balanço de carbono em pastagens submetidas a
práticas de recuperação.
Parte das atividades é desenvolvida em parceria com o Instituto
de Zootecnia (IZ), em Nova Odessa, SP, e Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos – FZEA/USP, de Pirassununga. Sandra Nogueira, pesquisadora da Embrapa
Meio Ambiente,conduz, no IZ, experimentos em pastagens para determinação
de fatores de emissão de óxido nitroso a partir da adubação nitrogenada e de
fatores de conversão/manejo na mudança do uso da Terra de pastagens exclusivas
para sistemas integrados e agricultura. O impacto desta investigação será a
entrega de fatores regionais para cálculos e estimativas de emissões de GEE,
além de balanços de carbono em sistemas pecuários.
No experimento de mudança de uso da terra, os resultados
preliminares mostram que na conversão de pastagens solteiras para monocultivo
de soja e sistema integrados (pastagem, em consórcio com milho e mogno), o
ganho de carbono no solo de sistemas integrados apresenta uma tendência de
incremento maior do que no de cultivo de soja.
Com um sistema de torre de fluxos, o pesquisador Osvaldo Cabal
monitora os fluxos de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso a partir de pastagem
submetida a processo de recuperação de sua produtividade por meio de reforma do
pasto, uso de fertilizantes e corretivos e manejo do pastejo. De acordo com
Cabral, a recuperação de pastagens degradadas e o aumento da sua capacidade de
armazenamento de carbono é uma estratégia-chave no compromisso do Brasil em
cumprir suas metas determinadas nacionalmente.
“Analisamos os fluxos dos gases dióxido de carbono, óxido
nitroso e metano e seus balanços em área de pastagem representativa do sudeste
do Brasil. As medições abrangeram quatro anos, começando pela pastagem antiga
degradada, passando pelo processo de renovação e finalizando com o
restabelecimento da pastagem. A pastagem só recebeu fertilização com nitrogênio
uma vez após a renovação – a prática comum”, explica Cabral.
O balanço de carbono que considerou a soma das trocas líquidas
do ecossistema de dióxido de carbono e a exportação/importação de carbono
através de pastagens e fezes foi positivo na pastagem antiga representando uma
fonte para a atmosfera, mas um sumidouro (negativo) durante o primeiro ano da
renovação quando foi fertilizado. Em média, os fluxos cumulativos de metano
(sem a carga entérica dos animais) e óxido nitroso foram pequenos e positivos,
respectivamente, sendo compensados pelo ganho líquido de carbono.
Outra questão importante vem sendo investigada ppor Rosana
Vieira, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente. Ela avalia o papel da braquiária
na inibição do processo de nitrificação do solo. Apesar da braquiária ser
conhecidamente capaz de exsudar inibidores biológicos da nitrificação, dúvidas
ainda persistem sobre o real efeito destes inibidores no ciclo do nitrogênio.
Alguns estudos com genótipos de alto potencial para produção deinibidores
biológicos da nitrificaçãoindicam que outros mecanismos, além da inibição, comobaixa
mineralização do nitrogênio ou aumentada imobilização microbiana do nitrogênio,
contribuem para os baixos conteúdos de nitratono solo.
Desta forma, o grande desafio é tentar quantificar processos do
ciclo do nitrogênio e relacioná-los com o potencial da braquiária em produzir
inibidores biológicos da nitrificação. Esse conhecimento é importante para o
desenvolvimento de ferramentas de gerenciamento para a gestão sustentável do
uso do nitrogênio em pastagens, bem como apresenta potencial para inovação na
área de bioinsumos.
Arlindo Saran Netto, prefeito do Campus da USP em Pirassununga e
professor da FZEA/USP, destaca a importância do monitoramento de longo prazo a
alta resolução temporal dos fluxos de GEE realizada na referida unidade da USP.
Esta parceria coloca em evidência as relações zootécnicas e agronômicas em
sistemas de produção de bovinos de corte sob pastejo e suas interações com o
ambiente, além de proporcionar oportunidades para treinamento e formação de
recursos humanos capacitados, focados na produção sustentável.
De acordo com Saran Netto, este projeto vem baseando-se na
hipótese de que é possível intensificar a produção de bovinos de corte a pasto,
em regiões tropicais, com o aumento da produtividade das pastagens e acúmulo de
carbono no solo. "Sendo assim, podemos ter pastagens mais produtivas, com
maior taxa de lotação animal e redução do tempo até o abate, melhorando a
rentabilidade. A redução do tempo para abate dos animais tem um forte impacto
na menor emissão de metano na pecuária, que somado aos potenciais benefícios de
balanços mais favoráveis de Carbono no sistema solo-planta, representam
importante avanço do setor rumo àsustentabilidade", disse Saran
Netto.
Para a Luciana Gerdes, pesquisadora do IZ, a parceria tem
resultado em ganhos expressivos para toda a equipe, e tem contribuição
importanteaos compromissos assumidos pelo país de redução de emissão de
GEE no setor agropecuário. Além disso, há o avanço do conhecimento científico definindo
estratégias de manejo que contribuam com a produtividade e perenidade de
sistemas de produção animal em ambientes pastoris, o que traz inovação e mostra
a preocupação da pesquisa agropecuária brasileira com a preservação e a
produção sustentável.
Sinergia
O RGCIestá na linha de frente dos esforços nacionais para
mitigar as mudanças climáticas, focando na redução das emissões de gases de
efeito estufa (GEE) e no alcance das metas do Brasil relacionadas com as
Contribuições Nacionalmente Determinadas para a ação climática global. Além dos
benefícios científicos e do impacto direto nos compromissos do Brasil em
reduzir as emissões de GEE no setor agropecuário, a ação de pesquisa promove a
formação de recursos humanos capacitados, alinhados com os princípios da
produção sustentável.Aparticipação da Embrapa está centrada nas
pesquisas sobre o impacto de práticas para melhorar a produtividade das
pastagens dentro do programa de Soluções Baseadas na Natureza, coordenado pelo
professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq/USP).
A equipe conta também comLuciano Koenigkan, da Embrapa
Agricultura Digital, Heloisa Filizola,Magda Lima eNilza Patrícia
Ramos, da Embrapa Meio Ambiente,Rafaela Molina, aluna de pós-graduação do
IZ, e Lucas Penteado, doutorando do Instituto Agronômico (IAC).No IZ, o
projeto SGP 2459 - Emissão de gases de efeito estufa de pastagens degradadas
sujeitas a práticas de manejo para seu melhoramento, é coordenado por Cristina
Pacheco Barbosa.

Cristina
Tordin(MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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