10/11/2023
Instituto de Zootecnia fecha parceria inédita que prevê a criação de suínos para transplantes

Porcos geneticamente
modificados podem ser solução para a doação de órgãos
O dia 9 de novembro vai ficar nos anais do Instituto de Zootecnia
(IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, pela
assinatura do acordo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) com a
Xenobrasil, empresa do médico e professor da Faculdade de Medicina da USP, Silvano
Raia, pioneiro no transplante de fígado na América Latina.
Com o aporte de recursos para implantação de infraestrutura
e para a produção de suínos, a Xenobrasil usará esses animais como doadores de
órgãos para transplante. O laboratório será estruturado atendendo a todos os
requisitos dos organismos reguladores que são necessários para o
xenotransplante clínico (termo técnico que define o
transplante de órgãos entre espécies diferentes).
É sabido que no Brasil, bem como em outros países, há listas
de espera para inúmeros transplantes, devido à falta de doadores. Nos últimos
40 anos, os suínos têm sido utilizados para várias cirurgias do tipo, graças à baixa
rejeição que causam, por possuírem fisiologia semelhante e por estudos que conseguiram
modificar seu genoma (sequência dos genes de um ser vivo), aumentando as
possibilidades de uso de órgãos e tecidos destes animais como doadores para
seres humanos, contribuindo assim com a manutenção da vida.
Raia explica que o organismo dos suínos é o que mais se
assemelha ao do humano. “A viabilização para transplantar coração, rim, córnea
e pele é uma realidade, e os estudos tendem a incluir pulmão e fígado”, atesta.
Para o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios, Carlos Nabil Ghobril, esse é um marco para o IZ. “Para nós, a
utilização de um laboratório com uma nova linha de pesquisa atende ao nosso
escopo, conjuntamente com outra vertente que vai abrir muitas possibilidades
para a APTA”, relata.
O diretor-geral do IZ, Enilson Ribeiro, conta que os estudos
que realizam com animais não eram para xenotransplantes e, agora, essa
oportunidade colocará o Instituto em outro patamar. “Pela inovação da pesquisa
a ser conduzida nessa área, tomaremos um caminho diferente, com a contribuição
dos nossos pesquisadores e técnicos que vão somar conhecimento à medicina”,
enfatiza.
Para a pesquisadora científica, Diretora do Núcleo Regional
de Pesquisa de Tanquinho, no município de Piracicaba, Simone Raymundo de Oliveira,
esse é o novo rumo a seguir. “É uma mudança total dentro da APTA, na zootecnia,
porque não temos, até o momento, nenhum tipo de trabalho que envolva nossa
atuação na produção de animais que vão servir para doação de órgãos, com a
integração de diversos setores, com vários profissionais e suas expertises na
geração de conhecimento numa área diferenciada da zootecnia. Eu chamo este
projeto de produção de vida para vidas”, comemora.
A previsão é de que os animais cheguem ao IZ em fevereiro de
2024, quando as instalações estiverem com as obras concluídas.
O professor da USP gentilmente abriu as postas da sua casa
para selar esse contrato que foi firmado nas presenças do pesquisador do IZ Fábio
Prudêncio de Campos e do coordenador científico da Xenobrasil, Luciano Abreu
Brito.
Por Caroline Caram
Assessoria de Imprensa APTA
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