Especialistas da
iniciativa privada, de instituições de pesquisa e ensino, do governo e da
sociedade civil puderam discutir e identificar as oportunidades e os desafios
no desenvolvimento da Pecuária de Futuro do Brasil, uma pecuária sustentável e
eficiente, no âmbito das áreas de Sistemas Integrados de Produção Animal,
Nutrição e Alimentação Animal, Genética, Sanidade Animal, e Transferência de
Tecnologia.
Na abertura do
evento, que contou com a participação de autoridades municipais, diretores de
Institutos, pesquisadores e empresários, Sergio Carbonell, diretor do IAC,
presidente do Conselho Administrativo do Agropolo Campinas-Brasil, deu as
boas-vindas aos participantes, enfatizando o objetivo comum das instituições
envolvidas no projeto de políticas públicas do Agropolo, como criar e fomentar
temas relevantes para a bioeconomia brasileira.
Segundo Carbonell, o
projeto surgiu da necessidade de aproximação das instituições para soluções em
ciência e tecnologia com enfoques atuais em cinco áreas do conhecimento –
saúde, agroenergia, alimentos, química verde, desenvolvimento sustentável e
biocombustível.
“Os workshops têm por
diferencial buscar soluções, responder as questões e formular projetos
colaborativos entre participantes do workshop e de outros que ainda serão
realizados”, afirmou Carbonell.
Com o 9º workshop,
Carbonell disse que já se somou mais de mil participantes – 40% da iniciativa
privada –, e já com a elaboração de cinco projetos institucionais para temas estratégicos
relacionados à bioeconomia. “Espero que aqui, também, aconteça à identificação
de lideranças e que sejam elaborados projetos temáticos, envolvendo várias
instituições, fomentando uma plataforma de relacionamentos. Instituições que
trabalham isoladamente, não terão futuro neste mundo competitivo”, enfatizou
Carbonell destacou a
presença do Secretário municipal de desenvolvimento econômico, social e de
turismo de Campinas, vereador André Von Zuben, considerando a importância do
poder público. “Muitas decisões necessitam de ações públicas, principalmente,
relacionado à legislação, para isso, contamos com a participação e
acompanhamento das discussões dessa plataforma de bioeconomia pelo Secretário
da Agricultura de São Paulo, o vice-governador Márcio França do Conselho
Deliberativo, o presidente do Conselho é o prefeito de Campinas, Jonas Donizete”.
Apesar da crise
brasileira, para o presidente do Conselho, a ciência e tecnologia estão vivendo
um tempo de oportunidades. As inovações estão cada vez mais no dia a dia e as
instituições estão se organizando e investindo nos Núcleos de Inovação
Tecnológica (NIT´s) e, ainda, “as leis federal e estadual estão permitindo
partilhar da propriedade intelectual e ambiente, sendo agora o momento da união
e elaboração de projetos colaborativos e das plataformas de relacionamentos”.
Von Zuben enfatizou a
importância do Agropolo que está fundamentado no modelo de Montpellier, criando
a plataforma em Campinas, experiência muito interessante, que promove o desenvolvimento
de todo um ecossistema na região sul da França, hoje revitalizada. “Estamos
copiando esse novo exemplo aqui, fazendo de Campinas um modelo para o Brasil e
para o mundo.”
“A prefeitura de
Campinas busca atuar como articulador e facilitador na execução das demandas
não só municipal como estadual, aproveitando a oportunidade e contribuindo com
as linhas de pesquisa, por meio da legislação do Marco Legal, potencializando
toda essa capacidade que Campinas já dispõe e com o Agropolo Campinas-Brasil
vamos poder contribuir com esse conhecimento mundialmente, pois o Brasil é um
celeiro importante de toda a bioeconomia, com competência tecnológica”, afirmou
Von Zuben.
Ana Eugênia de
Carvalho Campos, diretora substituta do IB, enfatizou a importância dos
Institutos participarem dessas ações do Agropolo, possibilitando um relacionamento
direto com a indústria. “Precisávamos justamente deste contato para fazer essa
ponte, facilitando aos pesquisadores, com total potencial
científico-tecnológico, enxergar a demanda da indústria, e a outra ponta
conhecer a “expertise” das instituições. Sabemos que a agricultura e a
bioeconomia é o que vai fazer nosso país seguir adiante.”
Mauricio de Paulo
Nogueira, sócio-diretor da Agroconsult e representante do Grupo de Trabalho em
Pecuária Sustentável (GTPS), destacou a atuação do Grupo como Fórum permanente
de discussões na área agropecuária. “Uma de nossas intenções é colocar o
assunto ciência no centro das discussões, pois a pecuária sofre um impacto
muito grande de dogmas, e a ciência que muitas vezes têm a resposta não é
colocada no centro das decisões mais importantes. Acreditamos que a única
maneira é trabalhar dentro de um fórum que reúne todos os players, trabalhando
junto e consciente – ensino, pesquisa e empresas”, salientou.
A diretora do IZ,
Renata Branco Arnandes, iniciou os trabalhos, apresentando o que seria
discutido durante os dois dias do workshop, coordenado pelo IZ e IB. “Nós
estamos propondo o desenvolvimento de projetos de cooperação técnica, pensando
em cadeia produtiva no curto, médio e longo prazo, propondo soluções, identificação
de problemas, e ações concretas para 2050”, afirmou.
“Esta plataforma do
Agropolo, fundamentada no conceito de inovação colaborativa, nos dá essa
oportunidade de trabalho, para o desenvolvimento de projetos de cooperação
técnica nas áreas de bioeconomia, ligando pesquisa, desenvolvimento e inovações
tecnológicas”, pontuou Renata.
Segundo Renata, o
governo têm dado subsídios por meio das políticas públicas, fazendo uso compartilhado
de área, de projetos junto com a iniciativa privada. “Acabamos de voltar de
duas missões técnicas, na Holanda e outra na França e Bélgica, e vivemos que
50% dos projetos daqueles países são feitos junto com a iniciativa privada, e
ela detecta quais são os problemas da cadeia.”
“Para atingirmos
nossos objetivos, tornando uma realidade no Brasil, estamos propondo ações de
pesquisa nas áreas de bioeconomia, por meio de atividades multidisciplinares e
formando unidades mistas de pesquisa”, sublinhou a diretora do IZ.
Ela ainda ressaltou que
será um suporte para as ações de inovação das empresas privadas focadas nas
áreas de bioeconomia, com capacitação de recursos humanos e a participação dos
parceiros nacionais e internacionais. “Tudo isso no Brasil é novidade, mas no
exterior a bioeconomia já é trabalhada há muito tempo para o desenvolvimento e
difusão de tecnologia para todo o país.”
O workshop de
pecuária de baixo carbono pretende ajudar o Brasil com o conhecimento da cadeia
científica, das empresas inovadoras, a conseguir reduzir as emissões de metano, eficiência da produção e quais são as práticas de manejo que serão
identificadas com impacto direto na emissão dos gases de efeito estufa.
A princípio, são
cinco áreas de trabalho, começando dentro da porteira – sistemas integrados de
produção, nutrição e alimentação animal, genética, transferência de tecnologia
e sanidade. “As três grandes metas serão criar novos produtos com alto valor
agregado, diminuir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar a mão de
obra”, enfatizou Renata.
O 9º Workshop,
coordenados pelos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Agricultura - IZ
e IB, é parte do Projeto de Políticas Públicas em Bioeconomia (PPPBio),
conduzido pelo Agropolo e apoiado pela Fapesp. Por meio de uma série de
workshops, tem por objetivo produzir um “roadmap” das pesquisas necessárias
para o desenvolvimento de um ecossistema de classe mundial em Bioeconomia,
produzindo riqueza para a região e para o país.
Para mostrar um
panorama atual dos temas e discutir “gargalos” a serem superados para se obter
uma pecuária de baixo carbono – balanço negativo de emissões de gases do efeito
estufa – a curto (2017 a 2025), médio (2025 a 2035) e longo (2035 a 2050)
prazos, foram convidados personalidades do agronegócio, empresários,
representantes de classe e pesquisadores.
A formação do
“roadmap”, segundo o secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim, vem ao encontro
das estratégias estabelecidas pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin, para transferência de tecnologia e conhecimento. “Com as parcerias
público-privada, fundamentadas na plataforma Agropolo, que irá dinamizar o
desenvolvimento dos elos da cadeia produtiva”, afirmou Jardim.
Panorama
No primeiro dia,
foram abordados o Panorama da Pecuária no Brasil e Painel da Emissão de gases
de efeito estufa (GEE) na Pecuária com Maurício de Palma Nogueira, da
Agroconsult Consultoria e Projetos. O painel sobre Emissão de GEE na Pecuária
foi explanado pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Alexandre Berndt. O
painel Sistemas Integrados de Produção Animal foi ministrado pela pesquisadora Patrícia
Perondi Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste. Os debatedores foram Elder
Bruno, da INT/Agro e Paulo César de Faccio Carvalho, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para Paulo César o
assunto é de extrema relevância como estratégia para a pecuária, principalmente,
diante de uma conjectura muito rara como sistema de produção de alimentos, pois
consegue ser intensiva, e além de produzir alimentos, produzir serviços
ecossistêmicos. “Prove uma série de serviços ambientais, como nenhum outro
sistema de produção consegue, sendo reconhecido internacionalmente como um
sistema para alimentação futura, evitando danos à natureza, sendo competitivo
na produção de alimentos e cumprindo as metas de mitigação ambiental em
condição global.”
Nutrição e genética
No segundo dia, a
sessão foi aberta com o tema Nutrição e Alimentação Animal, por Paulo Henrique
Mazza Rodrigues, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/Usp),
e contou com os debatedores Alexandre Berndt, Luis Fernando Tamassia da DSM
Produtos Nutricionais Brasil. No painel Melhoramento Genético e Genômica
ministrou a palestra o pesquisador Yuri Regis Montanholi, da Universidade Dalhousie
do Canadá, com os debatedores Cesar Franzon, da CRV Lagoa e Maria Eugênia
Zertotti Mercadante, do IZ.
Para Tamassia, a
nutrição e a pesquisa com foco em resolver a emissão de metano foi muito
relevante e complementar ao tema, considerando um caminho para o sucesso. “As
abordagens foram muito esclarecedoras, e colocar na mesa de discussão setores
público e privado, para alinhar uma trajetória a ser seguida, colaborando na
questão ambiental é primordial para alcançar o sucesso.”
A iniciativa do
workshop, segundo César Frazon foi excelente e
incentivou o trabalho e destacou que foco deva ser cada vez mais em
seleção genética, ao alinhar ao principal objetivo do evento – a diminuição de
GEE. “Teremos que selecionar animais, justamente para este fim, mas também é
importante destacar que já sabemos que animais mais produtivos e mais precoces
vão ser abatidos mais cedo, e com a diminuição do tempo do animal no ambiente,
consequentemente, reduziremos os gases de efeito estufa, conseguindo a pecuária
sustentável e eficiente.”
Sanidade
O painel Sanidade
Animal, apresentado por Sebastião Faria Junior, gerente de educação corporativa
da MSD Saúde Animal, contou com os debatedores Ariovaldo Zani, do Sindicato
Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) e Gustavo Julio de
Lima, da Embrapa Aves e Suínos.
Sebastião falou de
saúde animal para a sustentabilidade, como tecnologias de sanidade, e destacou o
conceito de “saúde única”, que tem que ser levado para dentro da fazenda, em um
programa de manejo sanitário que inclua um programa para controle de doenças, saúde
ambiental e saúde humana. “Tem fazenda que quer melhorar o programa de saúde
animal, mas o colaborador da fazenda e sua família, por exemplo, trabalham em
condições inadequadas.”
Um fator interessante
está nos atributos intangíveis do alimento, que necessitam de certificação para
garantir ao consumidor todo o processo de produção. Há 50 anos, a sociedade não
estava preocupada com o bem-estar animal e as questões ambientais. “Hoje o mercado
reflete os valores da sociedade que se tornam atributos valorizados – senso
indutor de melhores práticas sobre conceitos de saúde única”, refletiu
Sebastião.
Durante as décadas de
70 e 80, a indústria era o grande vilão ambiental, por causa da poluição
atmosférica. “Não me lembro de ninguém falar para parar o processo de
industrialização dos produtos, mas o que se criou foram tecnologias de filtros
de ar”, enfatizou Sebastião.
“Hoje há correntes
contra o consumo de carne, mas temos tecnologias, como as que estão sendo
discutidas no evento, que devem ser difundidas para desmistificar essa história
lá fora. Precisamos contar isso para o consumidor que é bombardeado por
informações distorcidas sobre o bem-estar animal, o desmatamento e pegadas
ambientais”, reforçou o palestrante.
“O uso de tecnologias
tem a responsabilidade de aumentar a produtividade com menor impacto ambiental,
para se conseguir alimentar a população com eficiência” , afirmou Sebastião.
O encontro, para
Sebastião, já levanta possibilidades de parcerias e colaboração, criando
roteiros de ação a partir do painel, para promover a sanidade pecuária no
estado de São Paulo, mudando a mentalidade de “gestão da sanidade”. “Essa
plataforma financiada pela Fapesp é auspiciosa e, certamente, vai direcionar
financiamentos de pesquisas, aproximando o setor privado e a extensão rural.”
“Já para chegar ao
consumidor o desafio está na comunicação pulverizada, mas para isso será
necessário ter boas histórias para desmistificar o consumo da proteína animal,
e o setor tem que sair da defensiva e do discurso corporativista, trazendo
razão para os debates”, completou Faria.
O pesquisador da
Embrapa, Gustavo Julio, frizou que um dos pilares da sustentabilidade é o ser
humano – seja consumidor ou produtor. “Assim, toda e qualquer medida que
valorize o aumento da produtividade vai gerar renda e riqueza à população, por
isso a sociedade deverá estar muito bem informada sobre o que estão
consumindo.”
Transferência
A transferência de
tecnologia vem sofrendo uma grande transformação e, segundo Gustavo, o produtor
necessitam de assistência e “sou muito favorável a atuação da iniciativa
privada para a ação de difusão de tecnologia ao produtor, que tem retorno
garantido, pois o produtor passa de menos favorecido para produtor empresário”.
“Ao medir as tecnologias em termos econômicos, transforma uma ameaça em oportunidade,
agregando valor a cadeia produtiva”, afirmou.
A última sessão sobre
Transferência de Tecnologia foi explanada por André Novo, pesquisador da Embrapa
Pecuária Sudeste, juntamente com os debatedores Paul Vriesekoop da CRV Lagoa e
Antony Hilgrove Monti Sewell, da Boviplan Consultoria.
O pesquisador André
Novo, falou sobre o Programa Balde Cheio da Embrapa, que promove o
desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira em propriedades familiares,
via transferência de tecnologia, atendendo a demanda de extensionistas de
entidades públicas e privadas e de produtores de leite de todo o Brasil.
André destacou a
introdução gradual de tecnologia, em um formato que promova a agricultura
sustentável. “Para conversar com essa cadeia produtiva, tem que se pensar em
saltos tecnológicos, um dos elementos chaves do Balde Cheio, pois para o
produtor desta cadeia, o importante é o rebanho produzindo o leite para pagar
as contas.”
Segundo o
pesquisador, a difusão de tecnologia tem a abordagem no modelo em rede, envolvendo
parcerias pública e privada, entre diferentes elos da
cadeia produtiva, de forma sustentável e dinâmica. “É preciso reconhecer
que estamos em outro contexto – o acesso à informação é imenso, e não se
consegue mais pensar em um modelo linear de produção científica, transferência
de tecnologia e mudança na vida das pessoas”, destacou.
Com a troca de
informações, em uma produção de conhecimento em parceria, André explicou que ocorrerá
à integração da pesquisa com o mercado, e será possível promover a relação
institucional com a sociedade. “A prospecção de demandas aparece naturalmente
quando se trabalha perto do setor produtivo. Outro fato importante está na
prática continuada, ocorrendo um aprendizado mútuo de transferência do
conhecimento.”
O evento foi
finalizado com a dinâmica de discussão dos temas do Workshop, com apresentação
de oportunidades, desafios, e consolidação do “Roadmap”, coordenado por Ricardo
Baldassin, gerente de projetos do Agropolo.
Agropolo
Campinas-Brasil
O Agropolo tem por objetivo desenvolver projetos de cooperação técnica nas áreas de agricultura,
alimentação, biodiversidade, bioenergia, química verde e desenvolvimento
sustentável.
Participam do
Agropolo Campinas-Brasil, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, por meio do IAC, IB, IZ e Instituto de Tecnologia de Alimentos
(ITAL), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação, Prefeitura de Campinas, Unicamp, Techno Park Campinas – Associtech e
Associação Agropolis International.
Informações, acesse www.agropolocampinasbrasil.org/9wspppbio ou (19) 2137-0615. O
IZ fica na rua Heitor Penteado, 56, Centro, Nova Odessa (SP), fone (19)
3466-0901.
Por Lisley Silvério (MTb. 26.194)
Informações
Assessora de Imprensa
Instituto de Zootecnia
Secretaria de Agricultura e Abastecimento SP
Fone: (19) 3476-0841
E-mail: lisley@iz.sp.gov.br
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